Talvez seja difícil assumir, mas essa é a realidade para 63% dos projetos iniciados segundo a última pesquisa sobre a adoção de tecnologias de analytics realizada pela Gartner.
Um outro estudo indica que as empresas que possuem maior nível de maturidade analítica alcançam 23 vezes mais chances de adquirir clientes, são 9 vezes mais propensos a reter clientes e até 19 vezes mais chances de ser rentáveis.
Mesmo que haja um cenário otimista de longo prazo e uma boa vontade para projetos dessa natureza, é muito que empresas comecem a todo vapor e aos poucos vejam tudo se desmoronando. Não há um culpado, mas sim um conjunto de fatores que os impedem de avançar, entre eles, a falta de atividades ligadas a alfabetização de dados.
Depois de analisar dados dos últimos anos da indústria dos dados, pude perceber que ainda há uma enorme distância entre o que o mercado de plataformas de dados oferecem e a capacidade de exploração dos usuários.
Os problemas de ontem, como: coleta, armazenamento, tratamento de dados e geração de reports, hoje são premissas para qualquer empresa que queira competir no mercado que atua, ou seja, empresas que querem se manter vivas em um mundo inundado de dados precisarão mais que um excelente computador com alta capacidade de coleta e armazenamento. Faz-se mandatório ter um time com capacidade analítica para compreender os dados e tomar decisões assertivas. Neste cenário temas como visualização de dados, retenção da informação e análise aumentada também se tornam cada vez mais relevantes.
O lado positivo para as empresas com baixo poder analítico é que hard skills – como Raciocínio Analítico – são mais fáceis de definir e mensurar que as soft skills.
Para parte do mercado, tudo isso se resolverá na medida que o aprendizado da máquina começar a ganhar maior escala, para outros, a máquina não terá a mesma capacidade de cruzar indicadores e gerar hipóteses tão alinhadas com as expectativas de negócio.
Ao longo desses 04 anos á frente da Keep.i, acompanhei quase 800 marcas – entre agências e empresas – dispostas a constituir uma cultura orientada por dados. Pouco mais da metade desses projetos não tiveram continuidade ou foram interrompidos, alguns por reconhecimento do estágio de maturidade, outros por baixo engajamento e até mesmo por falta de recursos, mas nenhum por ter um PLANO que não deu certo, afinal, a única coisa em comum entre eles era o desespero por inovar.
Separei algumas reflexões que podem ajudar você a compreender qual é o melhor cenário para conduzir um projeto de dados que envolva tecnologia, processo e principalmente a transformação cultural do seu time.
- Certifique-se que além do seu entusiasmo as pessoas estejam preparadas e engajadas para este turn point.
- Antes de buscar soluções que digitalizem seu departamento, deixe de lado a pressão e a ansiedade por inovar e foque na construção de um processo duradouro, que funcione de maneira independente.
- Sempre inicie com o mínimo, teste incansavelmente e envolva todo o seu time nessa decisão.
- Invista nos seus colaboradores, treine-os e seja o exemplo.
- Certifique-se que as pessoas estão falando de dados em suas reuniões;
- Crie métricas concretas e mensuráveis que vinculem iniciativas de dados e análises à informações.
- Na hora de contratar tecnologia, fuja de contratos de longo prazo, opte por ter mobilidade para testar e encontrar o melhor formato.
- Crie um plano de comunicação, seja transparente sobre o que está construindo e quais são suas etapas de maturação. Não criar expectativas maiores trará maior segurança e comprometimento do seu time.
- Envolva o RH na criação de um plano de desenvolvimento de competências relacionadas a alfabetização de dados.
Momentos como esse que vivemos são os que mais oferecem oportunidades de destaque. A complexidade do tema exige simplificação, menos oba-oba e muita disciplina para que aconteça, portanto, mesmo que isso signifique um crescimento mais lento por um tempo, siga em frente.
Talvez exigirá sangue frio, mas transformação cultural começa a partir do momento em que você entende que você nunca perde, mas sim ganha ou aprende.
Pronto pra (re)começar?